Foto: Ana Lages, com direção de Priscila Rezende /Photo: Ana Lages, with direction of Priscila Rezende
Da esquerda para direita, em pé: Betina Batista, Abiniel Nascimento, Noel Henrique, Dieimisom Sfair, Natália Lobo, Luene Aniká, Nivaldo Palikur, Keyla Iaparrá, Moara Negreiros. Ao solo, da esquerda para direita: Wellington Dias, Waleff Dias, Daylan Brazão
Oiapoque se configura como um dos pontos mais extremos do Brasil, e enfrentando isolamento terrestre, político e em certo aspecto, também de comunicação, a cidade apresenta particularidades como a proximidade com a Guiana Francesa, uma colônia europeia na América do Sul, e a forte presença estrangeira em seu cotidiano.
Essa ocupação não é recíproca, uma vez que brasileiros não são permitidos adentrar e permanecer em território francês sem a emissão e pagamento de um visto. A língua e bandeira francesa estão espalhadas na cidade de Oiapoque, talvez até mais que os símbolos indígenas, povos estes originários neste território.
Tendo como referência a pintura “A liberdade guiando o povo”, de Delacroix, na fotografia “[R]Existir” a bandeira francesa é substituída por bandeira pintada com grafismos indígenas pelos indígenas Diemison Sfair, Luene Karipuna e Noel Henrique. Os agentes da imagem original são substituídos por performers e artistas brasileiros não caucasianos, carregando armas e em posição de resistência e luta.
Essas pessoas estão ali, na Ponte Binacional Franco-Brasileira, de forma a confrontar e reivindicar aquele espaço como seu lugar de origem e pertencimento, como povos que foram destituídos de suas terras, liberdade ou identidade em nome da expansão territorial, econômica, colonial e racial europeia, que diferentemente do que possamos pensar e ler nos livros de história e dispositivos de comunicação, ainda se faz muito forte e presente na América do Sul atual.
[R]Exist [2018]
From left to right, standing: Betina Batista, Abiniel Nascimento, Noel Henrique, Dieimisom Sfair, Natália Lobo, Luene Aniká, Nivaldo Palikur, Keyla Iaparrá, Moara Negreiros. On the ground, from left to right: Wellington Dias, Waleff Dias, Daylan Brazão
Oiapoque is configured as one of the most extreme points in Brazil, and facing land, political, and, to a certain extent, communication isolation, the city has particularities such as its proximity to French Guiana, a European colony in South America, and the strong foreign presence in their daily lives.
This occupation is not reciprocal, since Brazilians are not allowed to enter and remain in French territory without issuing and paying for a visa. The French language and flag are spread in the city of Oiapoque, perhaps even more than the indigenous symbols, the native people of this territory.
Taking as a reference the painting Liberty guiding the people, by Delacroix, in the photograph [R]Exist, the French flag is replaced by a flag painted with indigenous graphics by the indigenous Diemison Sfair, Luene Karipuna, and Noel Henrique. The agents of the original image are replaced by non-Caucasian Brazilian performers and artists, carrying weapons and in a position of resistance and fighting.
These people are there, on the Franco-Brazilian Binational Bridge, in order to confront and claim that space as their place of origin and belonging, as peoples who were stripped of their lands, freedom, or identity in the name of European territorial, economic, colonial and racial expansion, which, contrary to what we can think and read in history books and communication devices, is still very strong and present in today’s South America.